Os nomes das flores são fáceis
Vulgares, difíceis, exóticos
Impronunciáveis, científicos
Simbólicos, óticos, fonéticos
Das flores, nos vem à memória
Suas qualidades mais óbvias
Suas singulares características
Assíduas em todas as línguas
Das quais, suas cores tão várias
Suas vastas formas complexas
E suas inesgotáveis essências
Relembramos bem mais rápido
Porém, seus nomes múltiplos
Sempre nos surgem, heroicos
Na frustrante ausência de ideias
Para um batismo de emergência
Eles, usados em versos poéticos,
Editados em páginas jornalísticas
Registrados todo dia em cartórios
Ditos em papos, cartas e músicas
De tão constantes em nossos lábios
Nos apropriamos de seus domínios
Destituímos das flores seus títulos
Desde o Gênesis, suas proprietárias
Aí, nominamos nossas famílias
Nossos bichos, nossos negócios
E tudo que possa ser nominável
Listados numa soma inconcebível
E arbitrários, em nossa empáfia
Adotamos alguns nomes ótimos
Todavia, outros nos soam patéticos
Destes, cito abaixo pouquíssimos
Meu tio, de nome Crisântemo,
É irmão de Flor-de-lis e Begônia
Lírio é o meu filho primogênito
A Margarida é a minha caçula
A do meio é chamada Orquídea
Soraia é uma prima legítima
Açucena nasceu em Brasília
Onde estudou Ciências Políticas
Quem nasceu aqui foi Acácio
Junto com a sua irmã gêmea
Criativamente chamada Acácia
Nomes dados pela avó, Azaleia
Violeta quer ser arqueóloga
Raquel é que foi pra Bulgária
Doutor Cravo mora no térreo
E é casado com dona Camélia
Girassol é o nome da síndica
Nosso porteiro é seu Crescêncio
Antúrio é meu amigo de infância
Filho adotivo do Cabo Gerânio
Jasmim é o sobrenome de Dália
Fui apaixonado pela Gardênia
E Hortêncio conheceu a Vitória
No Bar do Papoula, lá na Bahia
Rosa, nome da flor mais pública
Dona da mais popular fragrância
De mais bela forma arquitetônica
Onde mistura espinhos a pétalas
A flor dos verdadeiros românticos
De todas as flores, a mais simpática
Que também de amor ela é sinônimo
É o nome da minha mãe, coincidência
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