terça-feira, 29 de novembro de 2011

Caí em amargura
Um féu me invadiu
A garganta ficou dura
Nada falei
quando você partiu

Chôro
Queixa
tudo

Gemi...
até ficar mudo

Acabei...

Escoei na bica

Queria dizer:
Fica! Fica!

Fica...

Morri em sono profundo...
Acordei em sono lento...

Vendo evadir-se ao vento
Tudo de doce meu
No mundo

Meu querer,
Quebrou-se
Como preciosa porcelana
caída no chão

Você partiu
Cansou-se

E eu?...

Sacana!?...

Fiquei...

Na solidão?!...


Fortaleza - 1988

Longe

Você está longe
De ser aquela pessoa especial que acha que é
De tudo que tem sentido em sua vida
De suas verdadeiras conquistas importantes
Das raízes em que brotaram suas flores
Daqueles que, vez por outra lembram de ti
Do vento, que você nunca valorizou
Dos desejos do seu coração
Da vida que sempre almejou
Da mulher que pensou ter amado
Do cheiro que você acabou de lembrar
Dos créditos que sonha receber
Do primeiro degrau da escada
Da escola onde nunca aprendeu nada
Do sucesso, seu afã
Do futuro que imaginou, quando garoto
Do garoto que nunca conseguiu ser
Do homem que nunca será

Você está longe
De casa.

Bom Jesus do Gurgueia, Piauí, 24 de setembro de 1992

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Cartão de Natal


Feliz natal.
Desejo que o homem do saco vermelho possa penetrar profundamente no buraco de sua chaminé, trazendo um peru bem grande e bastante prazeroso. Que a pomba da paz penetre no seu interior e te rasgue de alegria e felicidade. E que na entrada do ano, você seja possuído por uma ardente euforia, esquecendo tudo o que ficou para trás. Estes são os meus mais sinceros votos de natal e ano novo para você, meu deputado querido!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Bolso furado

Perdi meu amigo Zé.

Num sei como.
Só sei que quando dei por mim, tinha perdido o Zé.

Tateei pelos arquivos da minha consciência, vasculhei as gavetas onde guardo meias e inteiras desculpas para o dia seguinte e não encontrei o Zé por lá

Perdi o Zé, meu amigo.

Quando, eu não sei.
Sei lá como isso foi acontecer!

Sou destrambelhado, vivo perdendo o azimute, o prumo.
De vez em quando sinto falta de algo valioso.

Me dá aquele vazio, uma secura na garganta...
Busco, não acho, me culpo por ser tão distraído.
Mas, perdi, tá perdido.

Aí, nessa procura, felizmente encontro as palavras da Dona Rosa, minha mãe, que diz, enquanto chuleia meus bolsos furados:

Só outro, meu filho!