sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Adeus ano que vem

Uma pena pelos que partiram desta para melhor ou, infelizmente para pior. Foi um ano difícil para a maioria, mas foi maravilhoso para alguns privilegiados, sortudos, audaciosos e, sobretudo para um sem número de batalhadores e conquistadores contumazes, gente que conseguiu, nestes trezentos e tantos dias, realizar seus objetivos mais ansiados e poderá dizer à toda boca, de peito ventilado que este foi um ano supimpa.

Contrariando a propaganda política enganosa que diz que a vida de todo mundo vai melhorar, que o próximo ano será próspero, que você viverá muitos momentos de felicidade, dentre outros blá-blá-blás que permeiam as mensagens de cartões de natal e boas festas, as probabilidades de que tudo dê certo mesmo estão bem distantes da realidade e o futuro virá bem mais obscuro do que sonha a nossa vilã hipocrisia.

Eu desejo a todos, principalmente a todos os meus parentes, amigos e próximos, que continuem na vertical e respirando. Que uma bala perdida não os encontre, que ninguém ateie fogo no coletivo em que se espremam, quando voltarem de seus empregos. Que não percam os seus empregos e que seus filhos e filhas não vão à escola no dia em que o barranco desabar sobre ela, nem quando o maluco começar a atirar.

Anseio que tenhamos uma saúde de ferro e de primeiro mundo durante o ano inteirinho que virá. Que um dos trilhões de mosquitos da dengue não pouse em nós e mesmo assim, se pousar, que não nos pique. Que aja assim como o animal doméstico e de estimação que ele deveras é, tal e qual nossos cachorrinhos, gatinhos e outros "inhos" que jamais mordem a mão que os alimenta.

Quero também que nossos filhos nos peçam dinheiro para comprar bala e que não nos ameacem de nos enfiar bala, caso não dermos pra eles todo o nosso dinheiro para que comprem drogas. Que as nossas filhas não engravidem antes dos treze anos, Que elas não engravidem novamente, depois dos catorze. Quero mais que tudo que nossas crianças sejam crianças e, por Deus, cresçam.

Desejo demais que todos, principalmente eu, desliguem a televisão. Espero poder encontrar com todos, frente a frente pra gente trocar umas ideias, pra gente bater um papo legal. Espero que todos, principalmente eu, desliguem o celular, o computador... Que saiam da internet! ...Pelo menos na hora de nossas necessidades fisiológicas ou em alguma emergência, como, por exemplo, almoçar e jantar com a nossa família.

Desejo que o Brasil ganhe tudo, neste ano que vem, que é o ano da Copa do Mundo. Que ganhe educação, segurança e justiça. Anseio muito que ninguém tenha que perder a vida só porque caiu na besteira de ir ver uma inocente e divertida partida de futebol, no seu estádio superfaturado, pagando um ingresso ao valor de seus olhos da cara. Desejo que todos nós ganhemos vergonha na cara.

Quero de todo o meu coração que o ano que vem, cheio de mistérios e pré-visões devidamente estabelecidas, posto que, de tão corriqueiras são inevitáveis ano a ano, seja completo em seus doze meses vindouros. Que nosso mundo não se acabe, que sobrevivamos ao que nos aguarda. Por fim, ciente do que está por vir, das tormentas por quais passaremos, desejo ardentemente a todos que votem bem no ano que vem.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O roteiro

Estou escrevendo um roteiro cinematográfico. Um desafio proposto por uma amiga minha lá dos esteites, que mora ali, bem pertinho da rodoviária de Noviorque. Ela vai levar pro seu namorado, um produtor de TV e cinema de roliúde, dar uma avaliada, pra ver se a gente emplaca, para o ano, uma série ou um longa-metragem, quem sabe até uma trilogia. Quem pode saber lá se num dá certo, né não?

Então... A ideia é bastante original. Trata-se de um thriller de suspense, terror e ficção científica que se passa num futuro próximo, baseado em fatos reais. A minha intensão é tentar abordar um pouco (de uma maneira nunca antes feita na história do cinema nacional) da vida dos jovens adolescentes, estudantes do nível médio. Os tineigeres, como eles gostam de ser chamados. Minha amiga acha uma ideia extraordinária.

Basicamente é um negócio assim... bem diferente, sabe?! Resumindo, é a história de um grupo de alunos de uma raiscu, que são constantemente humilhados pelos que fazem parte do time de futebol americano e suas namoradas patricinhas, integrantes da Irmandade Alfa Beta Sigma Gama, uma sociedade secreta, que todo o campus e a pequena cidade de Liroutaum Baté conhece e esconde um segredo que só será revelado no final.

E tem um garoto que é nerde, sabe?! Um CDF idiota, mas que é super inteligente e tem poderes telecinéticos, mas ninguém percebe. E, além de não fumar maconha, como todo mundo da escola, ele também é o único virgem e ajuda a garota que ele é afim de pegar a conseguir namorar com o quarterbeque (zagueiro, pra quem num saca de americano). Só que ela entra para o grupo de líderes de torcida super gostosas que, na verdade são bruxas.

Aí eles vão pra uma ilha deserta onde, no passado, houve uma série de assassinatos inexplicáveis que até hoje estão sem solução. E o principal investigador do caso, hoje é um detetive particular alcoólatra, que só trabalha sozinho, depois que seu parceiro e sua esposa foram vítimas do serial quiler, estripador. Sacou o enredo? Os nerdes, a ilha e tal... Entendeu aí, como é que é o negócio?

Quando eles chegam na ilha, de noite, sob denso nevoeiro (aí vai ter umas cenas picantes de sexo, drogas e roquenrrol, mas nada assim que seja desaconselhável para menores de doze anos) vão tomar banho pelados num lago, aí percebem que não estão sozinhos... Bem, eu num vou contar tudo aqui não, porque senão perde a graça, né? O título é bem inovador também: O ataque dos tubarões vampiros, na ilha dos lobisomens zumbis, que tal?

sábado, 19 de outubro de 2013

FELINAS

O boca da gata que hoje beija é a mesma da onça que amanhã morderá.

domingo, 6 de outubro de 2013

terça-feira, 13 de agosto de 2013

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Vai se lascar Hollywood!

Cara eu fico muito puto com um específico clichê de filmes norte-americanos. Queria saber, somente pra eu dar-lhe um cotoco, quem foi o baitola desgraçado, imbecil que inventou a cena aonde pessoas agoniadas acham que vão escapar de quem as persegue fugindo pra cima.

Estão correndo no meio da rua aí entram num prédio e vão subindo as escadas até o terraço. O amaldiçoado do edifício tem mais ou menos uns troscunhancentos andares e o carai do perseguido, que deve ter uns dois mil e quatrocentos pulmões sobe aquela pustema, nas carreiras, pelas escadas e o magote vai todo atrás dele sem piscar os olhos, nem parar pra beber água. É de lascar, né não?

Chegou na torre, no topo, tu vai correr pra onde agora, miserável?

O pior que, se for o mocinho sendo perseguido, ainda escapa pulando pra outro prédio, se pendurando num fio de alta tensão que, só nele, não dá choque, se enfiando por uma janela de vidro que, só ele, não corta, se esborrachando no concreto que, só as costelas dele não quebram. Isso quando o cabra não pula do terraço do prédio, dentro de uma caçamba de lixo que só pode ser feito de espuma, porque ele sempre escapa sem nenhum arranhãozinho, só fedendo.

E o pior de tudo, depois desta fedorenta escapada ele ainda consegue pegar um táxi guiado por um porto-riquenho, que não se importa de levar aquele estranho, que tem uma ruma de sujeito correndo e atirando atrás dele. Sem falar que esse cara tá liso. Como é que vai pagar a corrida? Ah, vai se lascar Hollywood!


terça-feira, 18 de junho de 2013

Histórias de Alcântara: Ativistas e protestantes

O Antônio Alcântara passou por muitos apuros financeiros, mas nunca deixou de pagar a pensão de seu filho Augusto Cezar e, para assegurar o sagrado compromisso ele sempre dava seu jeito.

Era comum aparecer em grandes eventos populares vendendo sanduíche natural, sucos e, em festas como o carnaval de rua, vendia caipirinha, cachaça, água e refrigerantes em sua banquinha improvisada.

Sempre criativo, certa vez eu o encontrei num desses antigos carnavais, em frente à Prefeitura de Rio Branco, hoje Praça da Revolução. Debruçado sobre o isopor, em cima de uma mesinha dobrável, segurava uma cartolina, aonde se lia, escrito de ponta cabeça: "CAIPIRINHA R$ 1,00".

Ao adverti-lo de sua distração, me chamou ao pé do ouvido e disse: "É pra ser assim mesmo. Pode deixar. Me admira você, um publicitário véi do cu pelado não reconhecer uma jogada de marketing pra atrair clientes. Vapaporra!".

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Desnamorados

Quando era o amor eterno
E nossos beijos mais demorados
Quando entranhávamos
Nossas vidas e nossos desejos
Nunca realizados
E tínhamos também
Um pacto nunca antes pactuado
Porque éramos par de chinelos
Jamais desencontrados
E quando - Deus sabe - fomos
Um pelo outro, tão apaixonados
Tão contentes em sonhos
Que sonhávamos juntos acordados
E que não haverá outros
Que sejam tanto quanto nós amados
E assim, ali diante do final
De nosso conto de fadas mal contado
Instantes antes de tornarmo-nos
Tristes e infelizes desnamorados
É que soube que foi tudo perfeito
E que nossos doces momentos
Estarão para sempre eternizados. 

"Fazendo hora" com a cara da gente


terça-feira, 4 de junho de 2013

Garrafas bec


Uma linha de refrigerantes dos Estados Unidos vai usar a substância psicoativa THC (tetrahidrocanabinol), presente na maconha, como ingrediente. O principal refrigerante da linha será o Canna Cola ("canna" de cannabis, o nome científico da erva). Outros sabores também estarão disponíveis, como uva e laranja.

Segundo o criador da presepada, Clay Butler, o produto só poderá ser vendido para quem tiver prescrição médica para uso do "baseado líquido" (Rá-rá-rá! Me engana que eu gosto!) e vai custar de 15 a 20 reais. Eu hein, mais barato que coca.

LEIA MAIS NO BLOG DE ANDRÉ CRESPANI
http://wp.clicrbs.com.br/mundoidao/?topo=52%2C2%2C18%2C%2C224%2C77

terça-feira, 28 de maio de 2013

Release para Macferr

PREFEITURA DE CASIMIRO REALIZA CONSULTA PÚBLICA SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS


ONGS, especialistas, associações de moradores e estudantes debateram sobre o tema

Valéria Borba, engenheira e mestra em Saúde Pública, falou sobre os riscos dos resíduos sólidos como o gás das lâmpadas fluorescentes que pode causar câncer
A Prefeitura Municipal de Casimiro de Abreu, através da SEMMADS – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, em parceria com a Macferr, soluções tecnológicas realizou, durante todo o dia do último dia 07 de maio, na Casa de Cultura de Casimiro de Abreu e na Biblioteca Pública, em Barra de São João, consulta pública para tratar do plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, com a participação da engenheira Valéria Borba do Nascimento, mestra e especialista em Saúde Pública e representantes de ONGs e diversos segmentos da sociedade.

Segundo Valéria Borba, vem aumentando nas últimas décadas a preocupação nacional com os resíduos sólidos - material, substância, objeto ou bem descartado que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada.

Indo desde as questões ecológicas e os paradoxos voltados ao desenvolvimento sobre este tema, ressalta-se a não geração dos resíduos, sua minimização e gerenciamento de seu manuseio incluindo todas as etapas que vão desde a sua geração até a destinação final adequada. “É o despertar da sociedade para com as responsabilidades na gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos.”, disse.

As normas técnicas são representadas principalmente pela Lei de Política Nacional de Resíduos Sólidos e a Lei de Saneamento Básico, entre outras referências reguladoras que tratam e harmonizam-se entre si nas áreas ambiental, tecnológica, saúde e segurança no trabalho. Uma preocupação que a Prefeitura de Casimiro de Abreu trás ao debate com a sociedade.

Com a participação de vários órgãos ambientais como o INEA – Instituto Estadual do Ambiente, na pessoa do superintendente regional, Túlio Vagner, o secretário municipal da SEMMADS, Maurício Porto ressaltou que a intenção desta iniciativa é, juntamente com a população, criar o PMGIRS, de acordo com as demandas e necessidades dos municípios e seus habitantes. “Com esta participação popular a prefeitura obtém subsídios para implantação bem elaborada da coleta seletiva de lixo dentre outras ações para a preservação ambiental.”, acrescentou Porto.

Para o diretor Marcos Corsino, da empresa Macferr, organizadora do evento, a consulta pública foi um sucesso pela qualidade dos debatedores e das pessoas da comunidade que participaram ativamente com sugestões e questões, satisfatoriamente respondidas pela especialista convidada. “Para uma primeira reunião, achei bastante produtiva e acredito que teremos um bom material para a elaboração do PMGIRS.”, disse Corsino.

SÃO VERDÃO

Uma atração à parte, durante o evento foi a aparição do ecologista São Verdão. No mínimo curioso, o personagem é interpretado por Jeremias Soares, um pacato cidadão que procura fazer a sua parte, em defesa do meio ambiente, se fantasiando com um vestuário extravagante, composto por máscara de caveira, capa esverdeada, camiseta com estampas dos escudos da maioria dos clubes de futebol brasileiros, sapatos amarelos e bandeirolas com mensagens ecológicas.

O ativista Jeremias Soares na pele do São Verdão: “O verdadeiro sangue nobre é verde!”

Soares e mais alguns ativistas fazem parte da ONG que leva o mesmo nome de seu personagem. Busca visibilidade para seus ideais em estádios de futebol, misturando-se às torcidas organizadas. “Tudo começou na torcida do Corinthians, em um jogo contra o Botafogo. Tive que sair apressado dali para o lado do Botafogo, pois não foi de bom tom estar entre corintianos, todo vestido de verde!”, falou num sorriso.

E disse mais: “Chico Mendes e irmã Dorothy estiveram sozinhos e morreram nesta luta pelo nosso meio ambiente. Eu tenho buscado apoio entre as maiores torcidas do Brasil. Pretendo viajar por todos os estádios do país levantando esta bandeira e mostrando a cor do verdadeiro sangue nobre, que é verde”. Divertido e prometendo um show no próximo encontro, São Verdão foi o principal alvo de fotos com os participantes.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

A russa

Ela tinha um sotaque maravilhoso. Notei na mesma hora que era da Xexênia. Ela era soviética. Disse para mim seu nome, que jamais esquecerei. Verginia Shavatzjnakovak ganhou minha atenção e meu interesse em sua estória extraordinária e, vendo seus lábios trabalharem freneticamente, me apaixonei por ela. Sua língua... Tão exótica e tão doce... Se estivesse falando palavras que eu entendesse, não teria me emocionado tanto.

Excitado que estava, eu a pedi em casamento sem pensar nem titubear e ela disse que sim, que seria minha para o resto vida, na saúde e na doença, na paz e na guerra e disse mais, que viveria comigo até debaixo da ponte e que me daria filhas e filhos lindos com a minha cara e seu todo amor. Foi um casamento de sonho, que toda garota algum dia sonhou casar assim como ela se casou. E, naquela cerimônia emocionante, eu disse sim e ela disse também sim.

Confesso agora, que eu não estava entendendo nada do que ela falava. Sei que gemia, que me falava palavras carinhosas. Ela me beijava e me lambuzava, e me salivava com seus quatro lábios deliciosos. Que mulher! Eu a amava como o poeta ama a letra, como a virgem ama a virtude, como ela amava a alegria, como o povo ama a liberdade. O amor aconteceu ali, naquele momento sublime, num arrepiar de vida.

Obviamente – Quem viveu, e viu, e leu sabe -, nós não nos entendemos assim como nossos corações palpitavam para que as promessas se cumprissem como desejávamos. Fomos apartados pelas palavras que cada um de nós dois tentava falar e nenhum dos dois entendia. Ela era russa e eu brasileiro. A gente só se entendia quando não falávamos. Eu só a entendia quando ela chorava e chorava no idioma universal da infelicidade.

Eu disse para minha amada Verginia Shavatzjnakovak que precisava sair dali e comprar cigarros, na banca da esquina. Ela soube, na mesma hora que falei isso, que eu estava mentindo, que não estava indo comprar cigarros, nem que a banca era ali na esquina. Eu sei que ela ficou triste e que sofreu com minha covarde desistência que, para mim, foi um presente para ela, a mulher que eu nunca entenderia o que falava, mas, assim, a livraria de mim.

Em buraco de peba, tatu caminha dentro?


Comer tatu é bom


sexta-feira, 10 de maio de 2013

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Puto de raiva


O mundo horrível de hoje não precisa de boquirrotos pastores políticos, tampouco de pilantras políticos gays. No fundo de seu armário inóspito, só querem se locupletar, amancebados que são da opinião midiática e desentendedora de suas verdadeiras intenções separatistas e explicitamente diabólicas. Nós, eu e mais uma ruma de criatura do bem, que é “democraticamente” obrigada a votar nestes pulhas, detestamos esse debate nojento.

Pouco me importa essas picuinhas de senadores, caciques, donos de partidos e emendados. Nada disso muda nem diminui a minha contribuição com meus caraminguás, em forma de eternos tributos, e com a minha vida em forma de falta de segurança, saúde e educação. Eu vou continuar seguindo as regras, porque sou legalista. Mesmo que sejam leis retrógradas, abusivas e enganadoras. Leis fascistas eu quebro.

Não voto em quem eu não queira. Se só tem dois candidatos amaldiçoados, repulsivos, porque eu serei obrigado a sair do fundo da minha rede, em dia de chuva, morando mal e porcamente no mais escroto barraco, enganchado no mais perigoso barranco, na mais inóspita favela, do pior bairro, do pior município, do mais detestável estado, do país mais corrupto, insalubre, mal educado, trapaceiro e mentiroso do mundo pra votar em qualquer um dos dois?

Porque sair com lama até o saco de plástico, que sou obrigado a amarrar nos pés pra andar pela rua que o maldito vereador prometeu “ajeitar”, há quatro anos, num comício do nosso pré feito assaltante descarado? Por quê? A bosta dessa lei dos seiscentos diabos proíbe que se busque o infeliz do eleitor em seu domicílio, mas se, por cargas d’água o imbecil do votante não comparecer e não votar em quem vai lhe roubar, paga multa!

Olha só, que lei nazista: Se o estúpido do eleitor não votar, nem justificar, por isso e por aquilo outro porque não votou, e nem for pagar a multa em dinheiro (irrisório que seja, mas é dinheiro que vai pra longe do bolso dos honestos), mesmo tendo estudado noites a fio, depois do expediente, pra fazer aquele concurso público e passar em primeiro lugar, não pode assumir o cargo porque não foi votar naquele palhaço analfabeto.

A criatura, com muito sacrifício e determinação realiza o seu sonho de uma vida melhor por mérito, sem mentiras, sem corrupção. Passa no difícil concurso, mas seu direito é tolhido pela diabólica lei do voto obrigatório. Ou seja: de nada vale seu talento e qualidade intelectual se você, por um motivo qualquer, Deus sabe qual, não ajudou a eleger um dos tantos espertalhões que nunca fará nada para a sua vida melhorar.

Na propaganda o personagem diz: “Eu votei limpo!”. Votou numa sujeira que envergonha gente de bem, que se sacrifica pra exercer o seu democrático direito de ser vilipendiado, chafurdado e humilhado. Votou limpo numa imundície que não cessa e não tem fim. Eu e essa gente teimosa, bruta e prestadora de atenção não queremos que vocês venham nos dizer o quê e como fazer pra que fiquem mais ricos e nós mais fodidos. Vão pro inferno!

Novas charges



quarta-feira, 3 de abril de 2013

Rigor mortis

PROPOSTA

Bem que aplacarias, em favor carinhoso,
Um tanto do calor causticante
E não ache que seja impróprio
Pois que tal atitude seria bem natural

Em troca terias para ti, torso musculoso
Obviamente não mais infante
E aonde quiser que coloque-o
Lá estará para o teu deleite hormonal

E também entre as nádegas encaixada
Que este bendito ato se deflagre
E assim, depois da volúpia deflagrada

E dos suores escorridos pela nossa tez
Num batismo que nos consagre
Se entregue totalmente e sem talvez

RESPOSTA

E como é que inerte, o corpo cavernoso
Se moveria, íncubo e lancinante
Por entre as trompas de Falópio?
Se é recluso, entalado no saco escrotal?

Tão ridículo, o semideus todo defeituoso,
Amolengado feito bexiga secante,
Trôpego tal qual usuário de ópio
Há tempos distanciado do calor vaginal!

Que química divinamente arquitetada
Faria em tal defunto esse milagre?
Pois que nem sequer água abençoada

Nem feitiçaria que se diz que faz, não fez
Sequer lavagem íntima, com vinagre
Trará novamente aquilo que fora uma vez.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Eu e a Lei de Murphy


É engraçado. Uma brasa insignificante de um palito de fósforo, queimado até o meio, já se apagando é suficiente pra consumir uma casa em chamas. Mas quando tu precisa daquela última centelha pra acender uma fogueira, pra não morrer de frio na mata, ela não colabora. Se apaga num segundo, num sopro. Aquela porcaria daquele palito filho duma égua se apaga e, mancomunado com a Lei de Murphy, vai-se embora, desaparece enquanto tu pragueja.

Olha pra esquerda e não vê nenhum veículo, nem uma bicicleta, até aonde a vista alcança. Olha pra direita, igual. Nada. Sem movimento, sem tráfego, tudo tranquilo. Mas, a praga da Lei de Murphy colocou a parada de ônibus do outro lado da rua e, no precioso momento em que ele vem, no horário, e tu tenta atravessar as quatro pistas, todo veículo do mundo aparece, como por mágica só pra ver se tu perde o coletivo ou morre tentando.

Finalmente, depois de meses cantando, declamando poesias de rima e amor pobres, metendo a mão na poupança, dando presentes caros, cheio de tesão, ela sucumbe aos teus estratagemas e cede. Cai na tua lábia e entra no teu quarto, se deita ofegante na cama. Mas, a empata-foda da Lei de Murphy também está lá, bem na hora em que ela tira a calcinha, tu tá sem camisinha. E, sem camisinha, não dá. Como é que dá?

Não, essa é de lascar. Atrasadíssimo, ainda abotoando a camisa espera pelo elevador, dentro dele vem a Lei de Murphy mais aquele japonês do andar de cima, que é lutador de sumô e seus três amigos de equipe. Veja se isso é possível, meu Deus! Mesmo assim você ainda insiste, afinal está atrasado não é? Pergunta encabulado: “Desce?”. É claro que a Lei de Murphy responde: “Sobe!”. Vamos de escada mesmo, é o jeito.

São apenas sete andares descendo. Corre que tu tá atrasado! Ofegante, camisa suada, chega no estacionamento, diante do carro, vasculhando os bolsos percebe que deixou as chaves lá em cima, com a Lei de Murphy. Volta correndo pro elevador, de onde desembarcam algumas pessoas que não escutam você gritar: “Segura, segura!”.  Quando aperta o botão, falta energia. Sete andares, subindo de mãos dadas com a odiosa Lei de Murphy. Nããão!

A Lei de Murphy! Ô bichinha mala-sem-alça da gota serena! Tem muitas outras situações em que ela é protagonista, mas já falei demais nesta miserável. Vou finalizar por aqui antes que ela apareça de repente e... Aaah! Não deu tempo. Ela é foda! Computador travou. Tive que reiniciar tudo e claro, distraído na escrita, me esqueci de vir salvando. Do segundo parágrafo pra cá, tive que escrever tudo de novo! Eu odeio a Lei de Murphy!

segunda-feira, 25 de março de 2013

Seres

Tem gente que mostra quem realmente é até sem perceber, com atitudes viscerais, instintivas. Com palavras delatoras de seu caráter e meneios, gestos, expressões corporais específicos que expõem sobremaneira sua índole, seu temperamento, sua alma. Me lembrei agorinha de algumas dessas pessoas as quais desejo fazer conhecidas e conhecedoras de minha impressão sobre sua conduta e a consideração que devidamente lhes dou.

Havia o Roberto, um colega do bairro. Pessoinha completamente desprovida de moral e honra, um cara inescrupuloso, covarde e detestável. Oriundo de uma família cujo pai era um conhecido voyeur (brecheiro, como se diz em Fortaleza, Ceará), que se esgueirava nas madrugadas, pelas sombras dos arbustos de quintais e frestas de janelas, em busca dos corpos nus e adormecidos de vizinhas incautas.

Odiava me aproximar deste sujeito nojento, o Roberto. Como a maioria de seus tios, primos e irmãos mais velhos, que achavam engraçado soltar peidos fedorentos em público, arrotar e dizer palavrões aos gritos e xingar transeuntes com apelidos ofensivos, este pulha tinha a mania detestável de “cumprimentar” os amigos com uma dedada no traseiro. Ser repugnante e desprezível de quem não guardo uma sequer lembrança agradável.

A gente costumava catar maços vazios de cigarros e colecionar. Desmanchávamos as chamadas carteiras de cigarros e as dobrávamos em forma de notas de dinheiro. Era uma das diversões da molecada do início dos anos setenta, no meu distante bairro Aldeota, em torno da mercearia do Seu Antõe Beto e da Dona Albertina. Nessa aventura divertida encontrei o novo menino do bairro, neto da Dona Haideé e de Seu Osmundo, o Sérgio Ricardo.

Com um sorriso cativante e grande simpatia, não foi difícil para o Serginho conquistar minha amizade, fui o seu primeiro amigo da rua. Logo estávamos brincando nos quintais de nossas casas. Sabe aquele negócio de melhor amigo? Pois é, éramos os melhores amigos. Eu magrela e baixinho, o Sérgio gordo e desajeitado. Nós dois juntos formávamos a dupla do barulho que nos valeu apelido de seu tio Osmundinho: dupla pinga-fogo.

Serginho pinga-fogo e Chico pinga-fogo. Eu era um molóide, ruim de briga que Deus me livre. O Sérgio era outro cara da paz, apesar de grandalhão, não era violento e engolia vitupérios e piadas de mau gosto calado ou com um sorriso encabulado. Sabe que criança, menino de rua principalmente, é bicho cruel, né?! Sem uma gota de remorso, não titubeia quando quer fazer alguma traquinagem mais agressiva com o coleguinha mais bobão.

Pois bem, o Serginho era, na verdade, uma bomba-relógio, um vulcão adormecido. Uma folha de cansanção arre-diabo que não se deve tocar nem de leve. Enquanto estivesse no plano verbal, o moleque podia ofender e destratá-lo como quisesse, porém o imbecil do valentão Roberto, burro como qualquer cavalgadura de seu naipe, tinha que ir mais além, era de sua natureza doentia, não podia se controlar e foi parado sobremaneira.

Numa velocidade assustadora, num piscar de olhos o Sérgio virou-se e o Roberto sucumbiu sob o impacto fulminante do direto de direita, na tábua do queixo. Caiu duro tremendo a escrota mão invasiva que jamais tocaria a bunda de um cabra macho novamente. Todo mundo aplaudiu e o Sérgio Ricardo Pessoa virou herói e o melhor amigo do resto da molecada. Deste sim, ser do bem, eu só tenho boas lembranças e grande consideração.

A pomba da Sandra


Desde que parti de Fortaleza, Ceará, há uns trocentos e vôte anos, eu tenho morado em diversos lugares deste meu país varonil e escutado e aprendido uma pá de coisa bacana no tocante à cultura, sotaques e expressões regionais. Algumas dessas peculiaridades idiomáticas, que eu costumo chamar de “modus falandi” são ora muito divertidas, ora extremamente incompreensíveis e por vezes de sentido inverso de região para região.

Por exemplo, na maioria dos estados a palavra ou expressão “baixaria” se refere a um bate-boca, uma discussão exacerbada ou briga de fato. Já no Acre, além disto, trata-se também de uma comida típica. Consumida como desjejum, principalmente no Mercado Álvaro Rocha, em Rio Branco, o famoso mercado do Bosque, a iguaria é constituída de cuscuz, carne moída, ovos fritos e coentro e cebolinha picados. Humm! É bom demais!

Uma vez eu parti de Maringá, no Paraná até Fortaleza, Ceará. O ônibus que peguei é famoso por fazer a maior viagem por estradas do Brasil. Sai do extremo sul do Rio Grande do Sul, cruza as regiões sudeste, centro-oeste e entra no nordeste pelo norte da Bahia, passando pelo Piauí e Maranhão até chegar ao Ceará. São quatro dias de viagem, cercado por gente de, literalmente, todos os lugares do país. É uma verdadeira Babel sobre rodas.

Imagina uma criatura de Bom Jesus do Gurguéia, Piauí num longo diálogo com uma comadre de Francisco Beltrão, Paraná sendo mediadas pelo seu Zé, de Guaxupé, Minas Gerais? E se houver algum turista estrangeiro dentro deste coletivo, alguém que acha que sabe falar “brasileiro”, que tenha estudado o idioma português, em seu país de origem, com uma mestra lisboeta? Rá-rá-rá! Coitado! Ia ficar mais por fora que pensamento de preso.

E a gente mesmo não entende toda expressão dita pelo Brasil adentro não. Escuta essa. Presta atenção. Estávamos eu o grande amigo Dinho Gonçalves, mais o Grupo do Palhaço Tenorino, em Ponta Grossa, Paraná. Participávamos de um festival de teatro e como é comum nesses eventos, a gente quer se amostrar pros novos amigos. Depois de cada espetáculo estávamos lá, em rodadas de cerveja e muita descontração.

O Dinho “garra da viola” e sapeca uma ruma de canções bem humoradas, como é de seu estilo. A Sandra Buh, que canta e toca muito bem também pediu pra entoar umas modas. De pronto o Dinho entregou-lhe o instrumento e, dirigindo a artista, sugeriu que ela, pra conquistar o público, que o próprio já conhecia de outros festivais, cantasse aquela música do Clenilson Batista que fala sobre um pombinho gamado numa pomba.

A Sandra é muito engraçada. Uma comediante nata. Enchia as bochechas quando cantava “E o pombinho agarra a pomba, ai, ai, ai! E beija a pomba, ai, ai, ai!”. Com suas caras e bocas fez o publico cantar o refrão com ela. Conquistou a plateia do boteco, arrancou aplausos e pedidos de “Mais um! Mais um! Mais um!”. No entanto, muito depois do improviso, nossa amiga nos confidenciou acabrunhada, um tanto quanto decepcionada:

- Égua, meu! Pessoal aqui é muito estranho! Cantei a música dando a maior ênfase na “pomba”, a fim de arrumar um gato pra dar uns amassos e só me apareceu foi sapatão me dando cantada. Eu hein! Esta porra só tem é baitola mesmo, Dinho? Fala aí Braga!

Enquanto o safado do Dinho se acabava e chorava de tanto dar risada, eu esclareci o mal entendido, deliberada e maquiavelicamente engendrado por ele.

- Não, Sandra. É que “pomba” no Acre se refere ao pênis, né?! Eu e o Dinho nos esquecemos de te alertar que aqui, no Paraná é justamente ao contrário.
- Esqueceram o carai, seus dois filhos de umas quengas! – Explodiu iracunda. E o resto do grupo explodiu numa gargalhada uníssona.