quinta-feira, 21 de março de 2013

Avalanches do mal

Aqui no Rio de Janeiro, assim como na maioria dos estados brasileiros, uma parte asquerosa da população (gente safada, bandida mesmo) já acorda pensando em quem e como vai enganar, passar a perna, roubar e matar. É de dar ódio, sabe?! Todo ano as chuvas de outono viram enxurradas e avalanches em Teresópolis, Xerém, Petrópolis, Nova Friburgo mas estas são outras histórias de terror e descaso que vou contar depois.

Há três anos - TRÊS ANOS! – uma dessas enxurradas desmanchou o Morro do Bumba, em Niterói. Morreu uma porrada de gente pobre, favelada, trabalhadora. É certo que a natureza também levou um monte de bandidos, traficantes, assassinos e uma ruma de gente que não presta também desceu na lama, no rumo do inferno, mas entre eles num tinha nenhum político pilantra, infelizmente.

Aos sobreviventes e suas famílias de ex-favelados, agora flagelados, sem-teto, sem pai, sem mãe, sem eira nem beira foi pedido que aguentassem o perrengue. Também foi prometido que “o ‘gunverno’ vai resolver essa parada!”. “Deixa comigo!”. “Em outubro ‘é nóis’, viu? Confirma!“.

E assim: Tome-lhe Bolsa Família, Aluguel Solidário, etcetera e tal mais a promessa de construção da espetacular “Minha Casa, Minha Vida”, num moderníssimo condomínio fechado para quem se cadastrasse, bastando para tal, apenas apresentar o título de eleitor.

TRÊS ANOS depois de contratada uma superempresa, vencedora de uma superlicitação para a construção dos superprédios de apartamentos para pobre lascado e outro tanto de espertalhões, apadrinhados de quem participou do esquema - digo, da negociação junto aos governos e bancos - vender, passar pra frente, trocar por um carro velho ou um ponto comercial assim que poder, uma superchuva - Tchibum! - caiu de novo.

Milhares de reais gastos e desviados para construir uma porcaria de condomínio na lama, onde estavam os barracos miseráveis, também foram por água abaixo. Resultado: o prédio, ainda inacabado, rachou, foi condenado, vai ser demolido faltando poucos dias para ser entregue aos pobres coitados, que até hoje vivem de favor ou em alojamentos improvisados. Há TRÊS ANOS! E bote mais uns cinco anos pra que e se as promessas sejam cumpridas.

As chuvas continuam e continuarão caindo fortes e destruindo famílias e matando gente afogada e soterrada. Mas isso é o poder magnífico da natureza que só nos deixa três saídas: sair da frente, sair de perto, sair de baixo. Os desgraçados, de natureza maldita que todo dia acordam pra fazer o mal pros outros, muito mais perigosos do que uma avalanche devastadora também podem ser vencidos, basta ignorá-los nas urnas, no ano que vem.

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