sexta-feira, 25 de março de 2011

Vernaculofobia

Ria não, que é sério! Uma ruma de intelectual tem preconceito - como direi?... vocabular? - por palavras do nosso idioma. Apesar de constarem em dicionários, romances, editoriais, poemas, até em bulas de remédio, livros técnicos e monografias palavras como pus, catarro, puta e sovaco, entre outras são evitadas ou substantivadas por jornalistas, publicitários e oradores. A número zero destas palavras malditas é CU. Pura vernaculofobia.

Esta palavrinha monossilábica, taxada de palavrão, que tem, por sua fácil pronúncia gutural, o extraordinário dom de ser dita até por alguns mudos é marginalizada e excluída do texto e da fala de comunicadores e outros tipos que se julgam doutores, juízes e comandantes do “brasilis modus falandi”. Mas, no recôndito de sua brasilidade, para um xingamento ou um xiste, eles sempre tem CU na ponta da língua.

Poderosa geradora de neologismos e expressões idiomáticas, CU tem sido evitada, descriminada, proscrita, não escrita. Mas a Língua Portuguesa é viva. Novas palavras surgem a cada conversa, cada carta, cada discurso, sigla, logotipo. Nesse gênesis evolutivo, CU não se encolheu. Participativa que é, popular que é não sai da boca do povo. Por mais que se tente ocultar, CU está lá. Se ler com acuro, verá que ali tem CU no meio.

Achava que o grupo mais sem bom humor, que não ria de piada nenhuma era o dos religiosos. Mas não. Tecnólogo de governo ganha de lavada. Não é nem mau humorado, é sem humor algum. A palavra CU é recorrente em anedotas e vitupérios. Se tiver CU, invariavelmente a anedota é engraçada. Se vociferar CU, a ofensa é bem maior. Esses caras sem noção - como publicitário critico, como humorista aprovo.- criaram o Cadastro Único – CU. Ah, fala sério!

É muito distanciamento da gente, né não? Como se vivessem no país onde fizeram intercâmbio, mestrado, MBA, do alto de sua empáfia, esse magote de CDF (Cu de ferro) acha que a palavra CU não significa nada, que nós vamos deixar de fazer piada, que vamos prender o riso. Aí vem o governo estadual, nessa mesma linha, sem graça e lança um programa de pesca, chamado PACU. E haja CU, né? Ô, palavrinha bendita!

Um comentário:

Tião Vitor disse...

Braga, tu é phoda mesmo!
Parabéns pelo texto. Está fantástico.