segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Plurais

Cútis, crânios e sonhos

Sextas, sexos, festas

Danças, testas, taxas

Bônus, graxas, ânus

Crentes, cristos tristonhos

Textos, revistas, palestras

Livros socados em caixas

Debaixo de beliches e panos

Ingressos vendidos, eventos de graça

Buchichos, fuxicos, senhas secretas

Copos de plástico cheirando a cachaça

Discursos escritos por mãos analfabetas

Rachas, faixas, marchas, sussurros

Descrenças, mitos e controles remotos

Bancos de praça, pombos e churros

Conquistas, danos, contagem de votos

Rasgos de risos estranhos

Doses a mais, exageros

Zoadas, escárnio e dentes

Coxas encostadas em coxas

Bocas fechadas ou frouxas

Coisas tóxicas e dependentes

Bostas, destroços e cheiros

Humanos, perdas e ganhos

Espasmos, orgasmos escrotos

Espinhos de rosas esquecidas

Em vasos – começos de esgotos –

De paixões mal resolvidas

Doenças de mentes aflitas

Conversas cretinas, sem nexo

Propostas, mentiras bem ditas

Pra encaixar côncavo em convexo

Convites, pizzas e táxis

Distâncias, rancores, corações

Telefonemas, cartas, faxes

Palavras incolores, perdões

Xistudos, excessos de refrigerantes

Chuvas, tosses, atchins

Beijos, xaropes expectorantes

Samambaias suspensas em xaxins

Mãos bobas, astutas, espertas

Entre pernas abertas, suspiros de sins

Paus duros esfregando xoxotas alertas

Cobertas por grossas calças jeans

Audaciosos aprendizes, peitos e pés descalços

Areias movediças, gulosas até o pescoço

Algozes profissionais, reis de nós e cadafalsos

Silenciosos, à espreita da caça pro almoço

Rimas pobres, surgidas em assentos de ônibus

Esperanças cansadas, doutoradas em dor

Teimosos achistas que amor tem sinônimos

Antônimos, talvez, mas só plurais tem amor

Um comentário:

Márcio Chocorosqui disse...

Issos, porras! É o velho Braga, rapaz!