Faz muito tempo. Tenho uma vaga lembrança. Sei que foi algo divertido pra mim. No escuro, eu em cima dela, entre suas coxas suadas. Eu ria, mas acho que ela chorava e, ofegante dizia algo no meu ouvido, ou tentava dizer. Não entendia nada do que ela falava, não lembro. Só sei que eu ria e ela gemia muito.
Se chamava Maria, Mariazinha. Acho que ela deveria ter assim, uns quinze pra dezesseis anos, por aí. Me lembro bem do sorriso e do olhar dela. Lembro muito bem como ela olhava e sorria pra mim. Ela me deixava sem jeito. Morria de vergonha. Tinha medo que os outros percebessem. Mariazinha era muito atrevida.
Me beijava em público, assim, do nada. Me beliscava, dizia coisas no meu ouvido. Eu fugia dela. Fugia, sim! Quando não tinha ninguém por perto, ela me deixava ver suas intimidades e, nua, saindo do banho dizia, rindo: Vem cá, deixa de ser medroso! Eu gostava dela sim. Não tinha como não gostar.
Um dia, depois de muito tempo, com minha esposa, na casa de minha mãe, lá estava ela. Confesso que não a reconheci. Pedi a bênção de mamãe e cumprimentei a visita, me apresentando. Na mesma hora, me lembrei. O sorriso e o olhar ainda eram os mesmos. Minha mãe inquiriu: - Ah, filho, eu não acredito! Esqueceu da Mariazinha?
Respondi: - É, mãe, realmente não havia reconhecido. Faz muito tempo, mas a primeira babá a gente nunca esquece! Não é, Maria?
2 comentários:
Eu li de forma tensa e cheia de medo, Braga! Eu sabia que iria ter um final surpreendente, mas, a cada linha, imaginava que esse fim estava cada vez mais distante para um texto tao curto e um tanto assustador! Escuta, tu conhece o blog da Confraria dos Últimos Românticos?! Ia ser ótimo tê-lo como colaborador convidado... um grande beijo!
Quem homem nunca teve uma Mariazinha hem???
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