segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Os bons

Essa é para jornalistas que se transformam em notícia. Surgiu quando fui receber, juntamente com os colegas vitoriosos, o Prêmio José Chalub Leite do ano passado.


Agora somos o alvo, somos a mosca.
De tanto tentar querer mostrar,
Por prazer... porque sim... sei lá
Feito parafuso no meio da rosca,

Fendidos, apertados, frouxos, marrons
Destemperados, tortos, inconvenientes.
Jornalistas "ruela"! Uns incompetentes!
Mesmo assim, ainda premiados como bons.

Somos hoje a pauta, amanhã a notícia.
Nossos amigos enaltecem nosso talento.
Nossa pepeta é a que sobe sem vento.
A gente hoje é que é "o cara". Delícia!

Hoje somos a mosca, diante da infalível mira,
Dos olhos da sociedade que nos tem como alvo
A mosca que voou acreditando estar a salvo
Da ruma de bosta em que nascera, de onde saíra.

Mosca que muito voa encontra língua de sapo.
Isso se não se enrroscar em teia de aranha,
E, tentando voar, mais e mais se emaranha
E gruda na teia como pentelho em esparadrapo

Sejamos pois, vagalumes, pequenos pirilampos.
Com luz própria, atraentes insetos faiscantes,
De bicos pontiagudos, discretos seres picantes
Feito alfinete escondido em caixinha grampos.

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