segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sexismo, humor e publicidade

As grandes fazem rumas maiores. Veja um dos VTs da nova e péssima campanha da Bombril criada por Francesc Petit, o "P" da agência paulista DPZ. Comercialzinho besta, sem a menor graça e sem a peculiar genialidade de suas campanhas anteriores quando Petit fazia dupla em criação com Washington Olivetto, o "W", da famosa W/Brasil.




Aprendi que humor mau feito, forçado e sem propósito não é nada recomendável à saúde de uma boa publicidade.

Mas os caras vão com tanta sede ao pote de ouro da boa propaganda de humor que tropeçam e quebram tudo, de onde acabam saindo essas “pérolas” abomináveis.
Mexer com sexismo associado à venda de produtos domésticos e tentar fazer piada nova com tema tão batido, não é pra qualquer Washington Olivetto de R.U. e shopping center não.
E olha que eles sabem bem como não se deve fazer.

Para relembrar, taí uma série de anúncios machistas de algumas décadas atrás. Mesmo naipe, mesma medida. A única diferença destes anúncios para os da nova campanha da Bombril é que eles não estavam ironizando ou fazendo piadinhas bestas, eles falavam sério mesmo.


Shhh! A mamãe está em ponto de guerra!

E porquê? Porque a cansativa lida doméstica a deixou irritável e descarrega no ócio e falta de apoio dos machos da casa. Mas se ela usasse o sabonete New Ivory acalmava os nervos. Mais uma vez o produto fica em último lugar e a apelação sexista ganha mais importância. Talvez arrancasse gargalhadas na época, mas esse anúncio é uma das mais fuleiras e imprestáveis publicidades do mundo.
 

 

 Se o seu marido descobrir... 

Que ela o trocou por outro? Não. Simplesmente que não comprou a tal marca de café. Isso é absolutamente imperdoável. Muito engraçada a piada, né? Propaganda machista explícita.
Repare que parece ser socialmente aceito que o marido surre a esposa como se fosse uma filha a quem, por força da tradição, lhe cabe dar lição a custa de palmadas. Humor aplicado ao adultério e usado na publicidade até hoje, como este do posto Ipiranga, abaixo.



Veja mais anúncios sexistas de passado nem tão distante.

 Se tivesse quebrado as unhas 14 vezes enquanto limpava um forno entenderia porque eu quero tanto este que se limpa sozinho

Uma mensagem duplamente negativa. Por um lado transmite a ideia de que a mulher é desajeitada e fútil, obcecada com as suas unhas; por outro, de que o seu lugar é na cozinha.


 Quer dizer que uma mulher consegue abri-lo? 
 
Aqui, a mulher é colocada como uma imbecil, incapaz de abrir uma tampa de garrafa rosqueável. A publicidade machista e equivocada, preferiu tratar de uma pseudo incapacidade do sexo feminino do que do aprimoramento tecnológico de seu produto, no caso, uma tampa fácil de abrir. Ora, o produto é lacrado mecanicamente na fábrica, por um robô industrial o que torna imensamente difícil de ser desrosqueado por mãos humanas comuns indiferente de serem femininas ou masculinas.


Veja mais no site Obvious

Pra terminar, uma sugestãozinha para a Bombril. Por três décadas suas boas campanhas da série com Carlinhos Moreno tem, assim como a esponja de aço Bombril, mil e uma utilidades. Muito mais que simples publicidade de varejo são uma instituição cultural e popular. Por favor chame Washington de volta!

4 comentários:

Tião Vitor disse...

Parabéns, Braga. Mais um texto impecável. Por isso sou seu fã. Tá afim de me pagar uma gelada hoje?

Cartunista Braga disse...

Oh, meu grande amigo Tião! Sexta eu pago todas, no Sinucão do Cowboy, depois tu paga o resto, no Point do Pato. Abraço

Happy Marler disse...

Me divirto mt com os artigos e venho aqui nos comentarios e rio mais ainda! Ai, que hoje deu uma saudade imensa de meu Brasil varonil...

Happy Marler disse...

e de ti tambem!