sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Bulindo com Shakespeare

Soneto I

From fairest creatures we desire increase
That thereby beauty’s rose might never die,
But as the riper should by time decease
His tender heir might bear his memory:

But thou, contracted to thine own bright eyes,
Feed’st thy light’s flame with self-substancial fuel,
Making a famine where abundance lies,
Thyself thy foe, to thy sweet self too cruel.

Thou that art now the world’s fresh ornament
And only herald to the gaudy spring,
Within thine own bud buriest thy content
And, tender churl, mak’st waste in niggarding.

Pity the wold, or else this glutton be:
To eat the world’s due, by the grave and thee.


Tradução de Jorge Wanderley

Dos raros, desejamos descendência,
Que assim não finde a rosa da beleza,
E morto o mais maduro, sua essência
Fique no herdeiro, por inteiro acesa.

Mas tu, que só ao teu olhar te alias,
Em flama própria ao fogo te consomes
Criando a fome onde fartura havia,
Rival perverso de teu próprio nome.

Tu que és do mundo o mais fino ornamento
E a primavera vens anunciar,
Enterras em botão teus suprimentos:

- Doce avareza, estróina em se poupar.
Doa-te ao mundo ou come com fartura
O que lhe deves, tu e a sepultura


Tradução de Ivo Barroso

Dos seres ímpares ansiamos prole
Para que a flor do belo não extinga,
E se a rosa madura o Tempo colhe,
Fresco botão sua memória vinga.

Mas tu, que só com os olhos teus contrais,
Nutres o ardor com as próprias energias
Causando fome onde a abundância jaz,
Cruel rival, que o próprio ser crucias.

Tu, que do mundo és hoje o galardão,
Arauto da festiva Natureza,
Matas o teu prazer inda em botão
E, sovina, esperdiças na avareza.

Piedade, senão ides, tu e o fundo
Do chão, comer o que é devido ao mundo.


Tradução Fabrício Souza

Ao mais raro desejamos que cresça
Que a rosa da beleza nunca morra
Mas o fim do maduro é que apodresça
Só o doce herdeiro evita que isto ocorra

Mas tu, que só aos teus olhares atenta
Alimenta a ti com teu próprio ser
Passando fome onde abundância assenta
A ti mesmo hostil sendo sem saber.

Tu que já do mundo é fresco ornamento
Da primavera único mensageiro
Enterra em botão teu contentamento
Desperdiça em acumular dinheiro.

Apiede-se do mundo, ou se é sem fé:
Come o que do mundo por direito é.

2 comentários:

Anônimo disse...

O título deveria ser assim...
"Bulinando com Shekspeare"
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Sílvio Francisco Lima Margarido disse...

porra....traduz em espanhol...talvez eu entenda