quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Lei de Gerson

Caro Braga!
Esse lugar que tu tão bem conheces tem fumaça pra tudo que é lado. Os latifundiários e saqueadores de nossa madeira e de todas as riquezas de nossas gentes tocam fogo em tudo pra tirar madeira e botar pasto de boi. Depois, com o apoio dessa IN-PRENSA põem a culpa nos pequenos agricultores que há centenas de anos fazem coivaras pra plantar pequenos roçados; ganham verbas do Basa e o apoio do Ibama, Imac, MPE e do Governo DÁ a Floresta.
Em homenagem a esse Acre setembrista, escrevi EMBRIAGADO E PUTO DA VIDA as palavras que te envio em anexo.
Abraços.

Azul-Fumaça

Toda hora parece que chove,
Mas não chove
É tarde de frio e o calor arde em nossos corpos semi-ocos
O fundo da tarde é azul-fumaça
O ar da noite é azul-fumaça
O cheiro da manhã é azul-fumaça
Nossa estética é azul-fumaça
Nosso belo imensamete mundo azul-fumaça
Nossa medíocre acreanidade azul-fumaça
Choram meus olhos engasgados de azul-fumaça
Que estação é essa?
Fumo fumaça
Bebo fumaça
Tusso fumaça
Como fumaça
Engulo fumaça
Transo fumaça
Danço fumaça
Leio fumaça
Canto fumaça
O presente infinitamente belo
é azul-fumaça
Nosso futuro impiedosamente belo
é ermo azul-fumaça
Repletos de azul-fumaça
Meus filhos
e os filhos dos vizinhos
e os filhos dos outros vizinhos,
de onde a vista não abarca,
brincam guardados pela fumaça, atrás da casa
gradeada de fumaça
Meu cachorro uiva fumaça.
À meia noite, invadido pela beleza cáustica
desse azul-fumaça,
meu coração solitário dispara suas dores
incendiadas de azul-fumaça
O sol queima a pele da moça que desejo
Beleza futurista
Esculpida de azul-fumaça
Mas a gente nem vê o sol
A lua dessas noites amazônicas
empurra sua força resplandecente,
feito aurora boreal
Mas a gente nem vê a lua
O lugar de onde falo
tem um bucólico
ar azul-fumaça
Por sobre todas as casas
brotaram súbitas chaminés
por onde penetram ondulantes fachos
azul-fumaça
As águas de nossos tortos rios
Enfeitam-se do sustentável tom azul-fumaça
Corporificando a arquitetura de nossa supremacia
Conjugando a sobrenatural beleza
E a crueldade in-visível
Dos talos ressequidos
Das folhas carbonizadas
Da fumaça no ar
A beleza colossal
De nossa florestania
Transita irretorquível na atmosfera virtual
Seus sons de carretas madeireiras
Celestialmente entoados
ecoam por entre um idílico fundo
Azul-fumaça

Ao Acre Azul-fumaça set/2007
Gerson Albuquerque - Professor, brigador, danado, brasileiro, acreano, meu amigo pacaralho!

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