quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013


ÓDIO

Teve eleição no inferno e o diabo perdeu.

Tu és tão ruim, tão nocivo, igualmente uma doença que dá febre e dor, tipo infecção dentária.
E, exagerando a prosódia, tu és um saco, daqueles sacos usados em ginásios e academias, para pugilista treinar murros, socos, suores e cuspes, mas esse saco, sendo o meu saquinho escrotal, aonde meu bom Deus achou por bem guardar a fábrica da minha semente, que tem até ouvidos, que acumulam vitupérios, muito mais possantes que os socos do atleta muscululento.

Tu arrotas podridão sempre que tentas falar meu nome.

Respiras os vapores dos dejetos de tua vida morta inteira.

Sonhas com os diabos que o próprio diabo sonhou e baniu de seus pesadelos e doou-os a ti.

Te apraz maldizer-me.

Não te basta imaginar-me defunto.

Não estás feliz com a notícia de minha derrocada.

Tu tens mesmo é que ver o meu cadáver.

Sim, eu sei.

Não verás.

Eu não queria - Por Deus!- te odiar.

O ódio é mau hálito.

Sai da gente, aparece, tapa os narizes, afasta as pessoas...

Fede...

E quem tem não sabe.

Não sente.

Eu sei...

Te odeio.

Tanto ódio...

Não desejo tua morte.

Anseio que tu tenhas uma vida muito longa.

Que vivas centênios doente, caquético. Putrefundo.

Que tuas mãos encolham e as juntas dos teu dedos ranjam.
E as unhas dos dedos dos teus pés arranhem quem tentar te limpar a bunda e te assear.

Que espirres muito e que te escorra catarro pelas tuas ventas a noite toda, o dia inteiro.

Que sobre uma raiz, um caco de ciso, lá dentro, no fundo da tua boca.

Que doa sempre e mais ainda quando lembrares de mim e sequer tentares pronunciar meu nome.

Que este fim de dente te sirva apenas para cortar a base da tua esverdeada e mau cheirosa língua.

Que doa mais.

Que teus ouvidos também doam. E doam muito.

Que tua pele doa demais. 

Que arda com a escuridão.

Que teu suor feda e arda e goteje pelos teus glóbulos e que tuas pálpebras ardam também
sempre que tu chorares de dor.

Queria poder te empalar e te esfolar e esfregar a tua cara na sola da minha bota,
enquanto tu rires.

Tenho vontade de quebrar-te e espalhar teus pedaços ensanguentados pela rua.

Que pares de brilhar.

Que não mais reflitas.

Que se escureça a luz em ti.

Que te espatifes,

Que te apagues,

espelho meu.

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